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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Parada cardíaca e óbito durante maratona e meia-maratona.

O último exemplar da renomada revista médica New England Journal of Medicine que completa este ano 200anos de circulação mostrou um trabalho interessante para nós corredores. Trata-se do maior estudo que avaliou parada cardíaca e óbito em corredores de maratona e meia maratona. Eles avaliaram dados de quase 11 milhões de corredores (4milhoes de maratonistas e 7 milhões de meio maratonistas) que participaram de competições no período de 2000 a 2010. Os dados foram interessantes. Foram 59 paradas cardíacas, sendo que 42 foram a óbito. Com isso a taxa de parada cardíaca entre maratonistas é de 1,01/100.000 e de óbito 0,63/100.000, sendo o risco maior para os homens que para mulhers (quase 5 vezes maior) e maior em maratonas que em meia maratonas. Interessantemente, avaliando dados de necrópsia dos corredores, não se encontrou ruptura de placas de gordura nas coronárias como se pensava inicialmente. A causa principal é mais por isquemia (falta de oxigênio) por aumento na demanda, de modo que a maioria dos eventos aconteceu nas milhas finais da maratona, quando o corredor tenta fazer o sprint final. Por isso, é preferível relaxar nas milhas finais a tentar correr mais forte quando o coração já está bastante cansado devido a todo o esforço que já fez. Para aqueles não corredores que vivem dizendo para nós não corrermos maratona, os autores lembram que correr maratona tem uma prevalência de morte súbita menor que aquela entre universitários que praticam esportes: o risco relativo de morte entre maratonistas e meio maratonistas é de 1/259.000/ano e entre universitários é de 1/43.000/ano, e naqueles praticantes de triatlon é de 1/52.630/ano. Além disso, mostram que ter uma parada cardíaca durante uma maratona tem uma chance maior de sobreviver do que ter uma parada na rua. Na maratona a chance de óbito é de 71%, enquanto que a parada na rua é de 92%.
Keep running.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Começando o ano bem: vigésima maratona!

Primeiramente gostaria de desejar um ótimo 2012 para todos, com boas corridas e recordes pessoais. Para mim, o ano começou bem. Aproveitando as férias do trabalho e das crianças, corri minha 20a maratona na semana passada, na Disney. Sai decidido a comemorar e não me preocupar muito com o tempo, apesar de querer correr abaixo de 3h30' pois em 2011 eu não quebrara esta barreira em nenhuma das 4 maratonas que corri naquele ano. Largamos as 5:35h da manhã de um domingo com uma lua cheia e 10oC (muito melhor que o -2oC que corri da última vez!). Cerca de 20.000 corredores estavam presentes. Larguei de forma conservadora, correndo entre 4:50 e 5:00 minutos/km; passei os 10km com 48'39'' e a marca da meia maratona com 1h41'. Já a partir do km 15 comecei a fazer pequenas pausas para ser fotografado com os personagens da Disney (9 paradas no total) pois aquela era uma maratona comemorativa para mim (no total, durante todo o percurso foram quase 60 fotos que precisarei comprar no site depois). Praticamente a cada 2km havia um posto de hidratação com água e Powerade e fui obedecendo minha sede, bebendo conforme a necessidade. Até o km 37 fui mantendo o ritmo em torno de 4:45min/km, mas então as pernas começaram a pesar, como se tivesse trocados meu Mizuno Creation 12 por outro modelo feito de concreto. Eu não queria sofrer tanto no final e refiz minha meta para manter-me nos últimos kms em um ritmo de 5min/km. A chegada no Epcot é precedida por várias pequenas subidas em pequenas pontes que, se fosse no início da prova não seria problema, mas após correr 40km aquelas subidas pareciam mais íngremes do que realmente eram. No final, cheguei fazendo aviaozinho e tocando nas mãos do Pateta e do Donald que recepcionavam os finalistas. Tempo final: 3h25'21''. Nada mal para um começo de ano. Que veja 2012!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Gomes, from Brazil!

E por falar em Marilson, lembrei-me de um episódio de quando corri a maratona de NY. Aquela era apenas a minha 2a maratona e a meta era correr abaixo de 4 horas. Paul Tergat era o homem a ser batido e Marilson, ainda um desconhecido, corria sua primeira maratona nas ruas de NY. Treinei com dedicação e disciplina, mas ainda não tinha certeza de que conseguiria atingir minha meta. Como todo neofito, cometi alguns erros de estratégia, como chegar muito cedo na largada. Fui em um dos primeiros ônibus, saindo da bibilioteca de NY bem cedo e cheguando antes das 6 horas da manhã, para a largada as 10h. Além disso, o frio era intenso e eu fora de calção e não de calça, como a maioria dos que estavam ali. No aquecimento final, encontrei o grupo de elite se dirigindo à largada, mas nem reparei Marilson, procurando logo Paul Tergat. Largada, ritmo adequado, hidratação, gel, tudo foi bem, mas nos dois quilômetros finais comecei a apresentar uma dor na lateral do joelho direito que quase me fez andar, mas pensava comigo mesmo que estava ali para atingir uma meta e que nada me impediria. Tal dor seria posteriormente diagnosticada como síndrome do trato íleo tibial e me deixaria alguns meses sem treinar adequadamente. Porém, passei na chegada com o tempo de 3h51'33'' comemorando e bastante emocionado por atingir meu objetivo. Já corri maratonas quase 30 minutos mais rápido que essa, mas confesso que nenhuma maratona foi tão emocionante como a de NY. Após receber minha medalha, passei por um dos voluntários que estavam ali e perguntei quem tinha ganhado a maratona. A resposta foi: "Gomes, from Brazil!". Meu sobrenome, como o de Marilson, também é Gomes e sai todo contente pensando que, realmente, eu ganhara aquela maratona. Qualquer um que completa uma maratona recebe uma merecida medalha e deve se considerar vencedor. Vencer o sedentarismo, o comodismo, o diabetes, a hipertensão, a obesidade, a dislipidemia, etc. Ganhar saúde, novos amigos, conhecer novos lugares, passar por ruas que nunca você passaria se não fosse corredor, sentir a natureza. Devemos evitar de nos perguntar se podemos fazer exercícios e começar a pensar o que o exercício pode fazer por nós. O homem é um ser ativo. Desde o tempo das cavernas, apenas quem conseguia correr sobrevevia, seja correndo atrás da caça, seja correndo para não ser caçado. Não dá agora, milhões de anos depois, para ficar sentado o tempo todo na frente da televisão ou do computador vendo o mundo passar lá fora. Temos que correr, no sentido literal. Na verdade, para saber quem ganhara o direito de abrir a bolsa de valores de NY no dia sequinte àquela maratona, eu deveria ter perguntado quem chegou primeiro, e a resposta era Marilson Gomes, from Brazil. Primeiro colocado era só um. Vencedores havia muitos!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Correndo com Marilson!

Uma das coisas que gosto na corrida é que ela me permite correr com atletas de elite, em uma mesma prova ou até mesmo lado a lado. Qual jogador amador de futebol conseguiria jogar contra Ronaldinho, Neimar, Adriano, etc? E pior, qual jogador amador jogaria sozinho contra um desses jogadores de elite? Neste final de semana eu vi como é correr com a elite. Estava em um evento médico e houve uma corrida de 6km e o padrinho da corrida era, nada mais, nada menos que Marilson Gomes dos Santos, bicampeão da maratona de New York e tricampeão da corrida de São Silvestre. Único brasileiro capaz, na atualidade, de ganhar de um queniano. Ele é muito atencioso e simples. Aproveitei para conversar sobre treinos, maratonas, etc.
Na largada, eu já estava bem ansioso. Marilson deu a largada e, para minha surpresa, sai na frente e quando olhei para o lado não tinha ninguém correndo comigo. Achei que estava muito forte, mas o Garmin acusava 4:09min/km. Resolvi manter. Já era 19h e estava escuro e tive dificuldade para acertar o percurso, errado-o por duas vezes (como nunca liderei uma corrida, esta era uma situação que nunca houvera passado, pois geralmente apenas seguimos quem está na frente). Diminui um pouco o ritmo e passei o primeiro km em 4:17min; escutei umas passadas e quando olhei vi Marilson correndo ao meu lado e dizendo: "Deixa que vou perguntando sobre o percurso, pois está escuro". Concordei com um sorriso largo e fiquei pensando comigo mesmo: tenho um coelho de elite. Diminui mas um pouco o ritmo, já que não vinha ninguém atrás e passamos o km 2 em 4:25min. Perguntei se aquilo para ele já era um treino e ele respondeu: "Não. Seria um aquecimento". Neste momento eu já me desmachava em suor, enquanto que Marilson não tinha uma gota sequer. Passando o km 3 pegamos uma subida íngreme e meu pesadelo com subidas recomeçou. Já no meio da subida, eu morrendo e o ritmo caindo para perto de 5min/km, Marilson fala: "Estamos em uma subida". Só ali é que ele percebera que estávamos subindo. Escutei o 2o colocado se aproximando e emparelhando conosco. Passamos por um posto de hidratação e Marilson disse: "Podem continuar que eu pego água para vocês". Após beber um pouco da água, o 2o colocado falou: "Marilson, em New York cheguei 2h depois de você". Eu, tentando intimidar o concorrente, falei: "Eu cheguei 1h e 43minutos". A subida continuou e agora eu já estava  5m atrás. Marilson seguia o primeiro colocado. Fiquei triste em não o ter mais ao meu lado, mas já me contentava com os km corridos com ele. Veio a descida e apertei o ritmo, fechando o km 5 em 4:01min e depois o 6o km em 4:09. Nos últimos metros, o 3o colocado chegou e passou nos metros finais, chegando 2 segundos na minha frente. Chegamos nós quatro juntos, em uma distância não maior que 10 metros. Falei para Marilson: "A subida me matou!". Ele respondeu, "Você saiu muito forte". Na sua simplicidade ele não entendera que, graças ao fato de eu ter saído mais forte, eu correra mais da metade da prova com ele e que o prêmio maior não era o treféu do primeiro lugar, mas sim correr ao lado de um atleta de elite, de alta performance, e eu, sem sombra de dúvidas, tinha corrido quase 4km com ele e, apesar de ter chegado em 3o lugar, tinha sido o grande campeão. Mais uma história para eu contar para meus netos/bisnetos daqui a vários anos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Novo recorde da maratona.

Eu tenho um sonho: ser um dia recordista mundial da maratona. Já sei que você deve estar pensando: "só se nascer novamente no Quênia ou Etiópia!". Mas este meu sonho não é nada descabido e eu não desistirei facilmente, mesmo nascendo no Brasil e sendo um corredor medíocre. Na verdade, eu penso ser o recordista mundial na faixa etária de 80-90 anos. Devagar e sempre. A IAAF (federação internacional de atletismo) tem os recordes de acordo com as faixas etárias e no mês passado, Fauja Singh, um indiano naturalizado britânico, estabeleceu novo recorde dentre os maratonistas de 100 anos. Isso mesmo: 100 anos! Ele correu a maratona de Toronto no tempo de 8h25'16''. Ele não é apenas o recordista mundial nesta faixa etária, mas é também o único homem a correr uma maratona com 100 anos. Interessantemente, ele só começou a correr maratonas aos 89 anos. Ele também é o recordista para pessoas com 90 anos: 5h40'01''. Além desta distância, ele tem os recordes dos 100m, 200m, 400m, 800m, 1500m, 3000m e 5000m.
Eu chego lá!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Split negativo

Ultimamente estou com uma idéia fixa: split negativo. Explico. Split em inglês significa divisão e o termo split negativo muito utilizado lá pelas terras do Tio Sam significa correr a segunda metade de uma prova mais rápido que a primeira metade. Isso aparentemente é fácil, mas na prática é muito difícil e exige muito treinamento e, principalmente, disciplina. É realmente difícil se segurar e correr mais lento no início da prova, quando estamos descansados e loucos para correr, além de ter um monte de gente correndo em ritmo forte, inclusive aquele gordinho que passa voando e você pensa: "treinei muito para perder para esse gordinho" e vai atrás com tudo, queimando precioso glicogênio muscular que faltará na segunda metade da prova, quando o gordinho já ficou para trás faz tempo. Ou quando passa uma mulher em um ritmo alucinado, como se devesse chegar o mais rápido possível no salão do último cabeleireiro disponível antes de um casamento. E você, machista e desconhecedor do conceito de split negativo, aperta o passo não admitindo a possibilidade de perder para mulher. Resultado: fracasso total e tempo final longe do esperado. "Poxa, treinei tanto e não consegui!". Na verdade, o treino foi bem feito, faltou obedecer a estratégia de corrida visando o split negativo. O pior é que, mesmo correndo muitas provas, ainda cometemos erros e terminamos mesmo no split positivo (segunda metade mais lenta que a primeira). Isso aconteceu comigo nas minhas duas últimas provas (10km e 21km), onde largei empolgado e morri na segunda metade. Sem contar que em 19 maratonas, nunca corri um split negativo. Mas estou agora com a idéia fixa de que minha 20a maratona será com split negativo.
A receita para se obter tal façanha é treinar com tempos crescentes, forçando mais o ritmo no final do treino e ter uma estratégia bem definida no dia da prova, sabendo exatamente o ritmo de cada quilômetro e não se afastando dele em nenhum momento, mesmo que as condições estejam muito favoráveis. Diz-se que para cada 1 minuto que você correr mais rápido do que estaria preparado na primeira metade da prova, você perderá 2 minutos na segunda metade. Ou seja, segure o ritmo dentro do planejado.
Citando uma frase em uma faixa na largada da maratona de New York 2006: "Desafio: ver as pessoas passarem de você. Recompensa: passar deles depois". Isso é split negativo.

domingo, 6 de novembro de 2011

Meia maratona de Natal 2011

Ontem aconteceu a 3a meia maratona de Natal. Fico feliz porque a cada ano a prova vai melhorando e mais pessoas participam, entretanto, fico triste pelo amadorismo que ainda existe. Coisas simples, que em qualquer prova bem organizada no mundo já existe, aqui ainda faltam. Começando nossa análise:
- Inscrições e divulgação: excelentes! Estão de parabens neste tópico. Talvez colocar a data de pagamento do boleto gerado no site um pouco mais adiante, pois vários corredores não pagaram logo e terminaram não conseguindo pagar depois.
- Entrega dos kits: achei estranho entregar em uma loja de roupas, mas tive uma grata surpresa quando fui receber. Muito organizado, sem filas e sem burocracia. Talvez nos próximos anos possa incentivar a realização de uma feira com material esportivo (tênis, roupas, relógios, suplementos, livros sobre corrida, etc) concomitantemente. Certamente não é difícil despertar o interesse de expositores para um número de, pelo menos, 6.000 potenciais compradores.
- Kit: a camisa é muito boa, com material de primeira e certamente usarei nos meus treinos. Mas o kit pode melhorar.
- Percurso: certamente melhorou, mas ainda não é o ideal. Já chegamos a conclusão que a Via Costeira não e adequada para corridas. Talvez para treinos, mas não dá para fazer provas ali, pois tem muitas subidas e a volta com vento contra atrapalha muito. Em outros anos escrevi isso aqui e disseram que a Via Costeira era um desafio a mais e que era boa. Certamente é um desafio a mais, porém, a grande maioria dos corredores se inscrevem para tentar recordes pessoais e em um percurso com subidas isso fica muito difícil. Sem contar o fato de que dividimos a pista com carros durante 3km. O horário das 16h foi muito melhor que o das 7h das outras duas edições da corrida, porém o atraso de 40 minutos foi inadmissível. Ficamos 40 minutos esperando a largada e ainda colocaram a culpa nos corredores que estacionaram seus carros no percurso. Ora, os corredores foram chegando e parando os carros, não havia ninguém para orientar onde estacionar, logo, não dá para culpá-los. Achei muito estranho passar nas viradas de 2,5km (para quem fazia os 5km) e 5km (para quem fazia 10km) e não ver um tapete de leitura do chip. Como eles asseguraram que os primeiros colocados realmente cumpriram o percurso inteiro? Sei não! A largada no Alphavile não é adequada pois pega vento a favor nos primeiros kms, quando estamos ainda inteiros. A sugestão fica sendo a largada no ABC indo no sentido de Pirangi contra o vento e retornando a favor do vento. Neste percurso, utilizaria a pista da esquerda (que ontem estava sendo utilizada pelos carros), pois atrapalharia menos o trânsito.
- Largada: como já citei, atraso de 40 minutos e ainda culpar os corredores, foi demais! Mas além disso, há outros pontos a melhorar. Na inscrição, deve-se solicitar que os corredores informem a previsão de tempo final, de modo que se possa organizar, no corredor da largada, grupos de corredores com mesmas metas e que vão largar em um mesmo ritmo. É inadequado, logo na largada, ficar tentando passar corredores mais lentos, além de arriscado, pois os corredores mais lentos podem ser atropelados pelos mais rápidos.
- Marcadores de ritmo: não sei qual é a dificuldade de se colocar marcadores de ritmo nestas provas. Em qualquer prova bem organizada lá fora, há corredores cadastrados pela organização que correm com uma placa indicando o tempo que ele vai fazer. Assim, corredores neófitos podem ir seguindo sem o risco de sair muito forte e quebrar no meio do caminho.
- Hidratação: muito boa, não faltou água nos postos de hidratação, e os copos distribuídos estavam todos gelados. Entretanto, para percurso de 21km deveria haver distribuição de isotônico. Sabemos do risco de perder sódio no suor e repor apenas água, levando à possibilidade de hiponatremia diluicional.
- Medalha: bonitinha, não comprometeu, mas devem ser feitas 3 medalhas diferentes (5km, 10km e meia maratona), pois fica um pouco estranho correr 5km e receber a mesma medalha de quem correu 21km. Esforços diferentes, recompensas diferentes, nada mais justo.
- Impressão final: como eu já disse, a prova está melhorando e, certamente, no próximo ano teremos uma prova melhor. É importante que a organização admita as falhas e tente corrigi-las. De qualquer forma, sei o quanto é difícil organizar uma prova, principalmente deste tamanho e parabenizo a organização. Por enquanto, ainda não dá para pensar em uma maratona em Natal. Nossa cidade tem um clima inadequado para corridas muito longas (mesmo que a largada fosse as 5h da manhã) e um relevo que, mesmo que se fizesse loops, não ajuda muito por não ser plano, mas quem sabe um dia!!