Estamos no inverno (pelo menos teoricamente), mas estou preocupado com as próximas provas que acontecerão em nossa cidade. Na meia maratona do ano passado presenciei um colega totalmente desorientado, com uma óbvia hipertermia e desidratação. Sendo assim, como médico e corredor, resolvi escrever alguma coisa sobre esse temido risco, muitas vezes desconsiderado por vários corredores: hipertermia. A temperatura, umidade, exposição ao sol, falta de aclimatização e a intensidade e duração da corrida são os principais fatores envolvidos na injúria por calor. Durante uma corrida, nós geramos uma grande quantidade de calor e há uma "briga" entre a temperatura central do corpo e a temperatura da superfície (pele). Cerca de 75% da nossa energia se transforma em calor, elevando a temperatura corporal. Se nós conseguimos dispersar este calor rapidamente (suando, se molhado, etc), não haverá nenhum problema, mas se ao invés disso, nós retemos o calor, a temperatura aumenta cada vez mais, causando sérios danos à saúde. O pior é que a desorientação faz parte do quadro e, na medida em que há uma queda no rendimento, o corredor desorientado tenta desesperadamente manter o ritmo prévio, piorando cada vez mais o quadro, podendo levar, em última análise, à morte. Nós somos capazes de suar até 2 litros por hora, porém, a umidade do ar intrfere bastante na capacidade de dissipar o calor. Quanto mais úmido for o ambiente, pior será. A temperatura da pele precisa sempre ser mais fria que a temperatura central do corpo, para que haja um gradiente de temperatura, permitindo levar dissipar a energia do centro para a superfície.

(continua amanhã)
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