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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Hoje eu encontrei Deus durante uma corrida.

Sai para um treino tranquilo, leve, já na fase final de desaceleração para maratona que se aproxima. Apenas 12km em um ritmo bem confortável. Como todas as vezes em que se aproxima uma maratona, fico bastante temeroso com a possibilidade de me machucar e estragar toda a preparação feita até então. Os últimos quatro meses foram pesados e me machucar agora seria como nadar e morrer na praia, ou melhor, correr e parar no quilômetro 41.
Já por volta do km 9, vi lá longe um mendigo vindo em minha direção: cabelos brancos, encaracolados, com esparsos cabelos pretos que ainda permaneciam na tentativa de lembrar que outrora aquela fora uma cabeleira de um homem jovem; estatura mediana, por volta de 1,7m; bermuda surrada, daquelas que a gente doa quando não nos serve mais; camisa escura com botões fechados até a altura dos peitos; fácies típica de uma pessoa que fora castigada pela vida; cantos da boca para baixo e olhos sem nenhuma expressão, como se fossem fechar e não abrir mais a qualquer momento; na mão esquerda, um cabo de vassoura servia de apoio e, quiçá, também de arma caso precisasse se proteger de algum agressor.
Continuei correndo próximo do meio-fio observando aquele homem que se aproximava. Chegando a uma distância não maior que 3 metros entre nós, ele se modifica, transfigura, sinto que o clima ao seu redor, ao nosso redor, muda em questão de segundos. Observo agora que a fácies não é mais de tristeza; um sorriso enorme e extremamente sincero está estampado naquela face que há poucos segundos era totalmente diferente. O cabo de vassoura, aos meus olhos de cristão, é agora, na verdade, um cajado. Os olhos se modificam e a boca se abre rapidamente para emitir um sonoro e sincero "Bom dia", ao qual eu respondo prontamente sem pestanejar. Apesar de não diminuir meu ritmo de corrida e passar rapidamente pelo misterioso homem, consigo ainda notar que todas as modificações se desfazem da mesma forma e na mesma rapidez com que inicialmente aconteceram, e o mendigo continua sua trajetória para destino desconhecido. De imediato lembro da passagem bíblica onde Deus afirma que quando não ajudamos um mendigo, não visitamos um doente, não damos atenção ao próximo que necessita, é a ele que estamos negando. O sorriso que se abriu em meu rosto para responder ao "bom dia" do mendigo ainda persiste pelos 50 metros seguintes. Tenho a certeza de que acabei de ter um contato, rápido mas suficiente, com meu Deus.
Dentre as várias coisas que faço durante um treino, uma delas é rezar. Aliás, tenho muito tempo para fazer isto durante os treinos acima de 2 horas de corrida e mesmo nos menores também. Decido que aquela é uma ótima ocasião de dizer ao Pai que entendi, que ele não me abandonará e que eu posso correr a maratona que se aproxima, pois ele estará ao meu lado.
Os incrédulos devem estar preocupados e achando que eu devo parar de correr imediatamente, pois a hipóxia cerebral decorrente do treino puxado está causando morte prematura dos meus neurônios cerebrais. Podem até estar certos, mas apenas em suas mentes incrédulas. Para mim, tenho certeza que encontrei Deus durante aquele treino e que essa sensação é muito boa. Como viciado na endorfina, reconheço a possibilidade de ter sido uma alucinação causada por overdose de corrida (1500km corridos nos últimos 6 meses), mas prefiro ficar com minha primeira hipótese e espero encontrá-lo em outros treinos.
Que venha a maratona, pois estou bem acompanhado!

6 comentários:

  1. Parabéns Josivan!!!!!!
    Com essa determinação vc consegue ir longe...

    Seria interessante que todos os viciados em endorfina tivessem acesso a esses conteúdos...
    E de suma importancia...para nos corredores amadores, acompanhar o seu crescimento..
    Boa sorte...

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  2. Olha, tenho certeza que houve esse encontro, sim! Fique com sua primeira hipótese, e se reencontra-lo, ajude-o, caso necessite! Boa Maratona!

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  3. Josivan,acabo de ler seu texto e fiquei emocionada quando descobri que não era um relato desses que que agente recebe e não sabe quem foi que vivenciou. Quando vi, tratava-se de um amigo o qual teve a felicidade e a sensibilidade de detectar os sinais do Senhor. Que vc continue encontranto com Ele sempre.Boa viagem e boa Maratona!

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  4. Parabéns!!!!
    Você voltou. Espero que o relatos sejam atualizados com mais frequência. Eles servem de inspiração para mim, corredor perseverante e esforçado com três meias-maratonas no currículo, em busca da primeira maratona. Quem sabe será no Rio em 2010. Aliás, conheci o seu treinador o Erivam, uma grande pessoa.

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  5. Pela primeira vez entrei no seu blog e estou encantada com tanta experiência que vc passa para quem está tentando seguir o mesmo caminho. Quer dizer, nem tanto. Espero concluir, no próximo ano,uma meia. Só isso!!Com relação ao seu depoimento, fiquei maravilhada com a sua experiência. Acho que todos nós nos encontramos com Ele, mas poucos tem a sua sensibilidade. Parabéns pela sua fé e força de vontade.
    Abraços,
    Anelly

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  6. Caros, obrigado pelos comentários. Creio que a corrida nos deixa em uma sintonia diferente e mais propensos a ter experiências especiais como esta que tive. Não esperemos que Ele venha até nós com barba branca e toda aquela vestimenta usualmente vista nos filmes. Fiquemos atentos. Boa corrida para todos e muita saúde.
    Josivan

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