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terça-feira, 15 de abril de 2008

Relato de maratona 4 - correndo pelo Sena.

Após passar pela marca de meia maratona com um bom tempo, fiquei extremamente empolgado e sentia-me fisica e emocionalmente muito bem. Estava confiante que poderia correr abaixo de 3:40h. Quando passamos novamente de volta pela Bastille, ainda procurei Lúcia e Lucas pensando que talvez eles tivessem vindo me esperar ali. Não os encontrei e depois soube que eles estavam mesmo era no hotel dormindo. Comecei a correr mais forte, correndo alguns km abaixo de 5minutos: isso depois me fez falta e preguei nos últimos km. Chegamos à Bastille pela rua de Chareton e, a partir dali, pegamos para a esquerda para corrermos em direção ao Les quais de Seine (cais do Sena) e seus quatro túneis (Tuleries, Concorde, Place du Canada e Place de La Reine-Astrid). Inicialmente eu pensava que o acidente da Princesa Diana em 1997 tinha sido em um desses túneis, mas só depois fiquei sabendo que fora no túnel da Ponte de l'alma. Dois problemas nesses túneis: perda do sinal do satélite do GPS (isso eu já esperava - não adiantava eu apressar o passo como fizera em Praga, pois os túneis eram bem grandes e a perda do sinal, inevitável) e uma leve e contínua subida a partir da metade de cada túnel que faziam que meu ritmo começasse a piorar. Corríamos agora com os expectadores a nossa direita e em cima (já que a rua ao lado do rio é mais baixa) e o rio a nossa esquerda. Isso se mantinha desde o km 25 até, aproximadamente, o 33. Logo entre os km 26 e 27, conseguia visualizar a Ile de la cite (ilha da cidade) bem no meio do Sena e, olhando para cima, víamos a monumental catedral de Notredame com seus gárgulas. É uma das mais antigas catedrais francesas, com sua construção tendo sido iniciada em 1163 e dedicada, como o próprio nome diz (notredame = nossa senhora) a Maria, mãe de Jesus. Olhei, admirei e continuei a corrida. Um pouco mais adiante, eu estava correndo e filmando o percurso quando um espanhol passou ao meu lado e pediu a máquina para ele tirar uma foto minha. Quase por reflexo, entreguei a máquina, mas lembrei que estava filmando e falei para ele. Ele então apontou a máquina para mim por uns segundos, me filmou, entregou a máquina e, após meu agradecimento, continuou em um ritmo mais forte que o meu. Nesse momento lembrei que o espírito que redeia os corredores é fantástico. Todos queremos ajudar de alguma forma a eternizar aquele momento mágico. Ah se nós fôssemos assim em todo e qualquer lugar, o mundo seria bem melhor! Por volta do km 28, reconheci que já tinha passado por aquele lugar e só então entendi que estava do lado oposto da Place de La Concorde, por onde tínhamos passado no segundo km da maratona, logo no início. Aquela praça outrora já fora chamada Place de la revolution e, com a guilhotina ali instalada, era o lugar para executar os criminosos diante de todos. Mais de 1300 cabeças foram cortadas ali, inclusive as do rei Luis XVI e da rainha Maria Antonieta. Agora, aproximando-se do km 30, chegava, para nós corredores, a hora da verdade e aqueles que não tivessem se preparado suficientemente, certamente não perderiam a cabeça, mas perderiam minutos preciosos no tempo final da maratona. Dali já dava ver bem a Torre Eifel e eu sabia que vendo a torre eu já podia me animar pois o fim não estaria tão longe.

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