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domingo, 30 de março de 2008

Peak performance.

Há alguns dias escrevi sobre peak performance. Ontem foi um desses dias para mim. Acordamos as 8h (4h da madrugada ai no Brasil), ainda tentando nos acostumar com o fuso horário. Como a corrida seria apenas ao meio dia (deve ser para aproveitar o sol, muito fraquinho aqui, e é porque hoje começa o horário de verão), só de manhã fui preparar meu material (colocar numeral na camisa, escolher o calção, etc). Saímos então para o café da manhã que aqui no Radisson SAS Alcron Hotel é incluído. Aliás é um ótimo hotel, bem localizado no centro e com boas acomodações e com internet free se você tiver laptop. Estamos no quarto 641. Saímos para a corrida por volta das 10h e no elevador encontramos uma senhora e uma moça com tênis e uma roupa daquelas coladas para correr (que eu me recuso a usar pois acho que é de bicha - preconceito besta esse meu). Eu estava com o casaco de Chicago e ela perguntou se eu iria correr. Eu disse que sim e ela disse que também iria. Corredor tem essas coisas: adora dizer para os outros que correu, corre ou correrá uma prova, e se o tempo for bom, aí é que ele espalha mesmo para todo mundo. Quando saímos do hotel vimos (sentimos) que estava bem frio e o pior, com vento, que piora bastante a sensação térmica. Quando chegava perto de uma esquina então, era pior ainda (aquela estória de onde o vento faz a curva). Continuamos pela rua principal do centro de Praga (não me perguntem o nome pois é uma palavra daquelas com um monte de consoante e pouquíssimas vogais que nós de língua pátria portuguesa temos uma enorme dificuldade de pronunciar, imagine de memorizar), passamos em frente da Marks & Spencer (loja inglesa, conhecida nossa de quando moramos na Inglaterra), da C&A, da Nike e, no final da rua, de uma feirinha com várias barraquinhas legais que estavam começando a abrir. Ao lado da feirinha, do lado oposto da New Yorker (outra loja de departamentos), o Pizza Coleseum que tínhamos jantado no dia anterior. Chegamos ao Rudolfinun, local onde seria dada a largada às 12h e Lúcia Helena insistia que eu deveria correr de calça e não de calção. Eu já tinha visto uns vídeos no Youtube sobre a meia de Praga e prestei atenção em como os corredores se vestiam: a grande maioria vestia calção e camisa de manga normal ou curta. Já tinha decidido que iria com calção e não iria mudar naquele momento. Levei as luvas que tinha corrido New York (considero meu amuleto, que comprei por não mais que 5 dólares em uma esquina no Central Park) e coloquei a second skin da Nike por baixo e a camisa de manga comprida da Sportvida que era para eu ter vestido em Chicago no ano passado se não tivesse feito tanto calor. Por volta das 11:30h decidi esvaziar a bexiga (apesar de poucos banheiros, as filas eram pequenas e não passei mais que 10 minutos esperando) e depois fui aquecer e alongar. Por enquanto, Lúcia Helena esperava com Lucas jogando nintendo DS em um lugar que achamos ter menos vento. Fiz um trote até a largada, sempre olhndo os outros corredores, principalmente os que estavam com camisa amarela, pois eu estava tentando encontrar Bruno e sua esposa que iriam correr também a prova e tinha me enviado uma mensagem no dia antrior dizendo que iria correr de Brasil. Alguns minutos antes da largada, liguei o GPS para captar o sinal do satélite e tirei toda a roupa adicional que estava vestindo, ficando apenas com o que tivera planejado. Lúcia e Lucas tiraram algumas fotos minhas e se foram. Combinamos que eles iriam para o hotel depois da largada pois o frio estava forte. Às 11:53 eu entrei no corral da largada ou pelo menos tentei entrar pois já estava cheio e não dava para se mexer. Notei que o frio tinha passado. Poderia ser conseqüência da adrenalina da largada, ou do calor humano (tanta gente em um mesmo local) ou do sol do meio dia (menos provável). Largamos pontualmente, mas passei mais de um minuto para chegar no local da largada e começar realmente a correr. Os planos eram de correr cada km em 5 minutos e terminar em 1h45min, mas eu sabia que o primeiro km era sempre difícil pois tinha muita gente na frente. Procurei ainda Lúcia e Lucas na largada, mas não os achei e continuei com o mantra na mente: find your pace (encontre seu ritmo). Passamos pela ponte logo no início, atravessando o rio Ltvala (acho que é assim - mais palavras com consoantes). Como esperado, o primeiro km foi acima de 5min, mas eu já estava entrando no ritmo e os km seguintes foram todos abaixo de 5min. Senti desde o início que era um ótimo dia. Meus batimentos cardíacos estavam em 156 bpm e raramente subiam. Lá pelo km 18, por incrível que parecesse para mim, eu estava uns 2minutos abaixo do tempo programado e os batimentos estavam em 152 bpm, mostrando que o desgaste durante o percurso era mínimo. Eu realmente estava convencido que corro muito melhor no frio (também, para quem treina naquele calorzão de Natal). No km 3 lembrei que não tinha dado um nó em cima dos laços do tênis e, pela lei de Murphy, eles provavelmente iriam se desamarrar durante o percurso. Tentei neutralizar a lei de Murphy com a lei de o segredo (o livro) e o resultado foi que apenas um dos tênis desamarrou e me consumiu preciosos segundos que eu só iria notar no final da corrida. No km 5, passou um corredor com uma bandeira do Brasil na camisa, fui atrás dele para ver se era Bruno, mas descobri que se chamava Sergio e que iria correr para 1h40 e também iria correr Paris, passamos os 5km para 24minutos e deixei ele continuar. O percurso era ótimo, muito plano, com raras subidas e muito bonito, vendo toda a arquitetura e os bairros de Praga. Ía imaginando como era aquilo tudo no tempo do Venceslau, Carlos IV e Rudolpho. Nosso hotel está na cidade nova que, por ser nova, foi fundada em 1348, ou seja, o Brasil não tinha sido descoberto pelos portugueses ainda. Só tinha água a cada 5km e só consegui beber isotônico uma vez pois não consegui mais achar as mesas com isotônico. Também não havia nem gel e nem a banana que só apareceria na chegada. Tudo bem, já que era só 21km e não os 42 usuais. Quando corria no centro da cidade, tinha mais gente assistindo e incentivando, quando ía para os bairros da periferia, ficava mais deserto. Aliás, Praga me deixou essa sensação de ter muita gente nas ruas, mas ninguém compra nada e parece estar indo a lugar nenhum. No km 10, voltando para o centro, tive duas surpresas boas: meu tempo estava em 48minutos (bem forte para mim) e encontrei com Lúcia e Lucas ainda lá me esperando. Eu achava que eles já estavam no hotel e de certa forma, me emocionei pela presença deles. A essa altura, já estava aquecido e não precisava mais das luvas que deveria ter entregue para eles naquele ponto, mas continuei. Enfim, estava me sentindo ótimo e fui aumentando o ritmo cada vez mais, porém com medo de minha perna reclamar e comprometer a corrida de Paris, fui me segurando mais. Na chegada, liguei a máquina e deixei filmando o sprint final. Como sempre, apressei o passo muito cedo e diminui um pouco quando se aproximava a chegada mesmo. Terminei em 1h42min e 3 segundos. Lamentei pelo lanço do tênis pois se não fosse ele, teria feito na casa de 1h41min. Ótima corrida.

Um comentário:

  1. Puxa, que legal que tudo deu certo na meia. Parabéns!!!

    E cade os vídeos? Publica eles no youtube.

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