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domingo, 28 de outubro de 2007

Relato da maratona 5 - Quilômetros finais.

Na marca da meia maratona (km 21), próximo da Sears Tower, lá estavam novamente Lúcia Helena e Débora para me verem passando, mas mais uma vez eu não as vi. A essa altura, eu já tinha chegado a conclusão que as 3:40 seriam impossíveis de serem alcançadas e decidi correr apenas para terminar, sem me machucar. Pela programação, eu deveria passar os 21km em 1:50min, mas passei 5 minutos acima. No km 24, eu já pensava e desejava que os números estivessem invertidos e ao invés de 24 fosse 42km. Nesse momento, pensei se realmente estava na prova certa (maratona) ou se deveria diminuir minha meta para meia maratona, o que seria bem mais fácil. Lembrei de um comentário de quando estava assistindo a maratona do Pan do Rio pela televisão e alguém disse que geralmente durante a maratona há um momento de maior cansaço que depois era substituído pela normalidade. Realmente isso acontecera em New York comigo e eu torcia, sem esperanças, que também acontecesse em Chicago. No km 28, já correndo a 6minutos por quilômetro, decidi intercalar corrida com caminhada. Notei que todos a minha volta estavam muito aquém das metas (tem-se a opção de colocar na parte de trás da camisa o tempo final que o corredor quer fazer, e eu via que muita gente com metas até mais ambiciosas que a minha tinha quebrada e estava andando). Encontrei, inclusive, com pacers que simplesmente jogaram as plaquinhas fora e desistiram de correr nos tempos programados ou em qualquer outro tempo. Um pouco mais adiante, encontrei um colega de SP que eu conhecera na SP Running Show e que já tinha corrido duas Comrades (ultra-maratona famosa na África do Sul com 87km) e que já tinha corrido Chicago em outros anos. Ele largara no corral B, mas parecia que estava pior que eu. Cheguei próximo e ele confirmou que já tinha quebrado. Conversei um pouco com ele, reclamamos do tempo e continuei adiante (terminei 7 minutos antes que ele). Durante os km posteriores, encontrei muita gente deitada no chão passando mal e já sendo atendidas ou por outros corredores ou por espectadores ou pela polícia. Em outros pontos, vi que os hidrantes nas ruas estavam parcialmente abertos com a finalidade de esguichar água nos maratonistas que passavam. Nos locais onde não havia hidrantes, a população nos molhava com mangueiras. Nos pontos de distribuição de água (a cada 2-3km, mais ou menos), os copos de água em cima das mesas nos esperavam, como usual. Porém, aqueles copos que foram enchidos com mais antecedência estavam agora muito quente, quase impossível de beber. Esses eu jogava na cabeça para esfriar um pouco e procurava um que estivesse sendo colocado naquele momento. Lá pelo km 36, um rapaz que servia água ao invés de colocar no meu copo, jogou a água diretamente nas minhas costas e eu agradeci, obviamente. Mas acho que isso contribuiu para que faltasse água para o pessoal que vinha mais lento atrás. Passamos pelo bairro de Chinatown, mas a festa não era tão grande como lá em New York. No tempo de 3:40h que era minha meta para os 42km, eu estava no km 35, ou seja, 7km atrasado. Mais adiante, vi o McCormick Place, onde tinha sido a Expo, e me alegrei, pois sabia que não era muito distante da chegada, mas para minha tristeza, fizemos uma curva para a esquerda e nos distanciamos novamente do Grant Park. No km 40, estranhei um policial que no meio da rua nos mandava andar em vez de correr, dizendo que só faltavam 2km. Não entendi direito o porquê e continuei correndo. Só depois é que eu entenderia o motivo daquela ordem. Já quase no início do Grant Park, quando fizemos a nova curva, agora para a direita, um corredor sentou quase no meio da rua e os policiais correram logo para saber o que se passava; eu continuei. Diante da quantidade de gente passal mal e das sirenes de ambulância que se ouvia toda, posteriormente, entendi que a ordem de andar era para evitar que aquele quadro, já muito ruim, se agravasse mais ainda. Já quase na reta de chegada, fazemos outra curva para a direita e chega a única subida de todo o percurso. Ele chega numa hora errada e eu decido subi-la andando. Um pouco mais adiante, decido correr e quando entro na reta final, ainda tenho gás para o sprint final. Descubro que a reta é maior do que eu esperava (uns 300 metros ou mais), mas continuo no sprint e lembro ainda de ligar a máquina fotográfica no modo vídeo para captar os últimos metros. Os espectadores, nas laterais, não param de gritar e, apesar de estarmos chegando 1:30h a mais que os primeiros colocados, até parece que nós somos os primeiros. Vem novamente à minha mente aquela idéia de não sermos os primeiros, mas sermos todos vencedores por conseguirmos concluir aquela prova que deveria ser relativamente fácil. Na chegada, muitos corredores ainda se amontoam e ainda levo 40 segundos para passar pelo local de leitura do chip. Diante do momento, fico novamente anestesiado e nem consigo desligar a máquina. Recebo uma espécie de toalha com papel aluminado para manter a temperatura corporal. Passo pelo local de tirar o chip. Vou receber a merecida medalha. Está realmente tem história para contar. Pedi para uma pessoa da organização bater uma foto minha (aliás, duas). Como em New York, ninguém sabia quem tinha sido o primeiro colocado, só disseram que tinha sido em 2:11h. Fui procurar alguma coisa para comer ou para beber e encontrei banana e pão.

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