Siga-me aqui!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Relato da maratona 3 - Antes da maratona.

Acordei, como sempre, sem precisar do despertador. Levantei-me e olhei pela janela e vi que muitos corredores já se encaminhavam para o local da largada. Comecei a me vestir com a roupa que escolhera para correr. Quando já estava pronto, Lúcia Helena e Débora acordaram e ainda deu tempo de batermos uma foto juntos. Era pouco mais de 6h da manhã. Combinamos que às 12:30h elas me esperariam em determinado ponto e se eu não chegasse a tempo, viria direto para o hotel. Despedi-me e fui à luta. Até então, ainda tinha uma esperança de que o tempo não tivesse tão quente, mas quando abri a porta do hotel que dava para a Congress Park Way senti um bafo quente no rosto e vi que não iria ser fácil. Cheguei à esquina do Hotel, na Michigan Avenue e vi que mais gente ainda estava se direcionando para a largada. Mais adiante encontrei o local que, posteriormente, descobriria que era o único ponto onde tinha água para tomarmos antes da largada. Tomei um copo de gatorade, aproveitei para pedir que os fotógrafos oficiais da maratona batessem minha primeira foto. Fui em direção à largada. A ordem da largada seria o pessoal da elite, depois os top 100 (os 100 melhores tempos, com comprovação), os corrais A, B, C e D (divididos de acordo com os tempos em maratonas anteriores) e então o open (aqueles que ou estavam correndo uma maratona pela primeira vez ou não enviaram a comprovação de maratonas anteriores). Com meu tempo da maratona de New York, eu fiquei no corral C. Como havia 45 mil inscritos, o fato de eu estar no corral C me garantia que “apenas” 9 mil corredores estariam largando na minha frente. Com o chip isso não é tão importante pois mesmo quem vem atrás, só vai começar a contar o tempo depois que passar pela largada, é o que eles chamam de chip time, mas facilita bastante no sentido de largar juntamente com corredores que vão no mesmo ritmo que você.
Sabia que o corral C seria bem mais adiante, mas só para confirmar, perguntei a uma das voluntárias da organização. Antes de seguir, voltei para bater umas fotos, por enquanto que terminava de comer uma barra energética. Aproveitei também para ir ao banheiro, apesar de saber que precisaria ir novamente antes da largada, pois ainda faltava mais de uma hora. A entrada dos corrais A,B,C e D era uma só e tinha, logo em seguida, uns 20 banheiros químicos. Cheguei no corral C e vi o quanto eu estava próximo da elite, talvez não mais que 200 metros. Não tinha quase ninguém lá e resolvi dar uma caminhada around para ver outros corredores e fazer um reconhecimento da área. A todo momento, havia anúncios nos alto-falantes que a temperatura estava muito elevada e que prestassem atenção nos sintomas de insolação e que andassem se sentissem alguma coisa. Passei pela tenda dos pacers. Os pacers são corredores contratados pela organização da maratona para correrem em tempos pré-definidos, com a finalidade de ajudar os corredores a atingirem as metas de tempo. Eles correm com uma plaquinha onde está escrito qual é o tempo que ele vai fazer. O que vai correr para 3:40h geralmente já correu alguma outra maratona em tempo bem melhor. Continuei caminhado e cheguei na fonte (cartão postal de Chicago) onde seria o local da reunião dos corredores com os familiares após a maratona. Estava com umas placas com letras do alfabeto, para facilitar o encontro dos maratonistas que fossem terminando. Havia também uma tenda onde o familiar, dizendo o número do corredor, poderia saber em que ponto da maratona ele ainda estava. Em outra tenda, vendiam o material esportivo que haviam sobrado da Expo. Fui até lá ainda com esperança de encontrar um boné para aquele dia quente. Como esperado, não havia nenhum. Voltei ao local único onde distribuíam água e gatorade; tomei um copo de água e peguei outro para ir tomando por enquanto que retornava para o corral C. Já era aproximadamente 7 horas. Quando entrei na área dos corrais, com a intenção de ir ao banheiro (aliás, é interessante ver como dá vontade de urinar à medida em que se aproxima a hora da largada). Percebi então que apesar de faltarem ainda 45 minutos para a largada, as filas já eram enormes. Não pensei duas vezes e entrei logo na fila. Fiquei por alguns minutos observando os corredores e o que eles falavam: seus tênis, suas roupas, a maneira de amarrar o cadarço, as metas, as maratonas anteriores, etc. Aproveitei também para ligar o meu GPS, pois uma vez que eu iria ficar parado, seria mais fácil captar o sinal dos satélites. Trinta minutos depois, já se aproximando da largada, chegou minha vez e eu realmente estava precisando, pois como estava bem hidratado, os últimos copos de água e gatorade já tinham chegado na bexiga. Usei o banheiro com a certeza de que não seria mais necessário usar outro antes de terminar a maratona. Corri para o corral C que, a esta altura, já estava muito cheio e quase não cabia mais ninguém. Entrei e fui, aos pouquinho, me deslocando adiante, até encontrar o grupo que estava com a plaquinha de 3:40h. Minha impressão de que o número de banheiros foi insuficiente se confirmou quando vi várias pessoas pulando a grade para fazer xixi no gramado. Inclusive mulheres, sem nenhum pudor, se abaixavam atrás das árvores e se aliviavam. Um dos pacers pediu para alguém segurar a plaquinha e fez xixi ali mesmo no meio fio, quase acertando as pernas dos maratonistas que passavam, tentando largar mais adiante. O hino americano foi cantado, todos aplaudimos. Houve então a largada dos atletas com cadeira de rodas e depois nossa largada. O momento mais esperado por mim e, certamente, por muitos maratonistas, nos últimos 8-10 meses havia chegado. Levei pouco mais de 2 minutos para chegar até a largada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário