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sábado, 18 de novembro de 2006

Relato da maratona (5): a maratona.

Apesar do tiro de largada, ficamos parados ainda por pelo menos uns 40segundos e só então começamos um trote fraco, em direção da largada. Levei 5 minutos até a largada (dá para ver isso na foto da chegada no Central Park, aonde o relógio marca 3h56minutos, quando na verdade, meu tempo oficial foi 3h51minutos). Muitos ainda tiravam o excesso de roupas e jogavam na grama, conforme orientação da organização. Já havia alguns americanos notadamente não maratonistas, cadastrados pela organização, que catavam aqueles agasalhos em melhor estado de conservação. Primeira curva para a esquerda, seguida de uma curva para direita, corrida leve de mais ou menos 100 metros e outra curva para a esquerda e lá estava a largada com o tapete vermelho que iria captar o sinal do chip amarrado no tênis, indicando que a aventura começara a partir dali. Era muita gente trotando, limitando chegar mais rapidamente no ritmo desejado. Nesse primeiro momento eu lembrava das palavras mágicas: find your pace (encontre seu ritmo). Bem que eu tentei, mas como esperado, o primeiro km foi concluído acima da meta em 5 minutos e 58 segundos, bem acima do almejado (5min20seg). Mudei de estratégia e ao invés de correr pelo meio da pista, fui para o lado aonde pareceia haver menos corredores e eu passava mais facilmente os mais lentos. Deu certo e o segundo km o tempo baixou para 5min23seg. Ainda estávamos na ponte e alguns já paravam, sem nenhum pudor, para fazer xixi na rua mesmo. Observando os trajes dos corredores, notava também que vários tinham decidido estrear as camisas que tinham comprado na Expo; outros usavam o boné do Bob Esponja distribuído também na Expo, e vários, inclusive eu, continuavam com as luvas (as mão realmente são as partes que mais sofrem). Quando comprei as luvas por 5dólares no sábado, pensava em me desfazer delas durante o percurso, a medida em que a temperatura aumentasse, mas quando tentava tirá-las, vinha uma frieza nas extremidades e eu voltava a usá-las. Conclui a maratona ainda com elas. Uma placa enorme indicava que estávamos no caminho correto para o Broklyn. Decidi dividir o percurso em 5 partes, correndo cada uma para um membro da família (em ordem: Lúcia Helena, Natália, Débora e Lucas e o último percurso, para todos). O GPS não me ajudava nesse momento a regularizar meu ritmo, pois como estávamos correndo na parte de baixo da ponte (tem dois andares), o sinal não era bom. Temeroso e sabendo que já estava devendo alguns segundos devido ao primeiro km fraco, inconscientemente, puxei mais o ritmo no terceiro km e fiz em 4min53seg (foi o único km que corri abaixo de 5minutos). Os outros km foram feitos nos seguintes tempos: 5:11 (4km); 5:23 (5km); 5:14 (6km); 5:25 (7km); 5:13 (8km); 5:14 (9km); 5:22 (10km); 5:18 (11km); 5:14 (12km); 5:22 (13km); 5:24 (14km); 5:14 (15km); 5:10 (16km - 10 milhas, a partir daqui eu deveria diminuir o ritmo para 5:30, mas estava bem e decidi continuar); 5:25 (17km); 5:21 (18km); 5:13 (19km); 5:27 (20km); 5:21 (21km); 5:24 (22km); 5:20 (23km); 5:16 (24km); 7:01 (25km - subida em uma ponte estreita com muita gente, temi achando que estava cansando, mas nos km seguintes veio a resposta); 5:37 (26km); 5:16 (27km); 5:26 (28km - a fome chegou! Até então tínhamos tomado só líquidos - água ou gatorade - e a fome agora estava chegando. Fiquei torcendo para que houvesse power gel no próximo posto de abastecimento); 5:24 (29km); 5:33 (30km. Até aqui eu tinha gravado alguma coisa na máquia a cada 5km, mas a partir de então, o cansaço iria me impedir de continuar minhas ações de cineasta, só voltando a gravar na chegada); 5:31 (31km); 5:31 (32km - 20milhas - a partir daqui o combinado era fazer o que desse, mas não poderia passar de 6min/km ou não chegaria abaixo de 4h); 5:07 (33km); 5:12 (34km - nesses dois km encontrei o rapaz que corria com a plaquinha de 3h50min e decidi acompanhá-lo, pois asseguraria-me um tempo muito bom; em um dos postos de água, eu fui pegar água e ele continuou, afastando-se de mim, não consegui mais alcançá-lo); 5:28 (35km - no posto de abastecimento, havia uma mesa cheia de "Bob esponja" ensopado de água que nós pegamos e passamos no rosto. A organização sugeriu que, quem quisesse, continuasse com a esponja pois a partir dali, em cada posto, haveria um balde com água na última mesa para quem quisesse se refrescar com o "Bob esponja") ; 5:26) (36km); 5:26 (37km - entrando nas proximidades do Central Park, vi que estávamos ainda na 119th Street e que só iria se aproximar da largada na rua 56. Decidi não ficar observando as ruas pois iria demorar mais ainda); 5:40 (38km - aqui já dá para notar que a reserva de glicogênio acabou e agora fica mais difícil manter o ritmo. Noto também que o GPS está dando uns 200 a 300 m de erro, infelizmente, a menos do que está marcado pela organização da maratona. Atribuo o erro às pontes e túneis, aonde o sinal do satélite era mais fraco); 5:52 (39km - a tão temida lesão do tendão lateral do joelho começa a dar sinal, como um fantasma dizendo "estou aqui e vou lhe pegar"; lembro das palavras de meu fisioterapeuta Jean "cuidado para não se machucar aqui; lá pode dar tudo que quando voltar a geste conserta" - foi o que tentei fazer: manter o ritmo abaixo de 6 minutos/km); 5:35 (40km - agora eram apenas 2 km e aqueles malditos 195m que chateiam tanto, pois a gente vem pensando toda corrida nos 42km e quando chega neles ainda tem mais alguns metros que parecem quilômetros. Vejo a possibilidade de correr abaixo de 3h 50 minutos e aperto o passo tentando chegar em um corredor com a camisa verde escrita "Brasil" que vem na minha frente desde o km 35: faço a mira nele e aumento o ritmo, não dando bola para a perna que dói mais agora); 5:30 (41km - o brasileiro da camisa verde está mais próximo e antes da saída do Central Park para a 56th Street eu espero passar dele; vejo que não vai mais dar para correr abaixo de 3:50h, mas já estou certo da meta de 4h e estou muito satisfeito, já pensando que na maratona do ano que vem, a meta será 3:40h); 5:28 (42 km - o brasileiro ficou mesmo para trás e agora já diminuo o ritmo. Lembrei da corrida da ONU no dia anterior quando passei pela 56th Street (aonde estou nesse momento) e pensei "quando passar aqui novamente amanhã já saberei se terei conseguido um bom tempo"; vejo mais uma vez que o tempo passa correndo (desculpe o trocadilho) e que a maratona já praticamente acabou, faltando apenas aquele míseros 195m. Tiro a máquina fotográfica e ligo no modo de filmar e vou gravando aquele momento tão esperado por mim nos últimos 5 meses; cruzo a linha de chegada, esqueço de parar os cronômetros, mas acho que foi abaixo de 3h52minutos). Um misto de alegria (pela conclusão do percurso em um bom tempo) e tristeza (por ter acabado a festa) me vem à mente.

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