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terça-feira, 27 de abril de 2010

Correr não garante a vida eterna!

Tenho encontrado um colega sempre correndo com um personal, mas na última semana, não o encontrei. À tarde, encontrei com a esposa dele e perguntei se ele tinha parado e ela me respondeu que ele estava preocupado porque um amigo que também corre tivera um infarto. Estava surpresa com o fato de um corredor ter um infarto. Correr não garante a vida eterna. Um infarto do miocárdio não se tem de uma hora para outra. Ele é "construído" durante toda a vida. Ninguém está bonzinho e tem um infarto. Se for olhar bem, ele tinha colesterol elevado, diabetes, hipertensão, sedentarismo, sobrepeso, tabagismo ou dieta errada. Mesmo quando não se tem nenhum dos fatores de risco acima listados, a simples presença de familiares com doença coronariana já confere um risco adicional, com uma genética predisponente aos eventos cardiovasculares. Além disso, não adianta muito passar uma vida inteira com um estilo de vida inadequado e aos 50anos começar então a correr maratona. Aí realmente tem um infarto e vão dizer, "mas ele era maratonista!". Enfatizo novamente, correr não garante a vida eterna. A prática de exercícios físicos é apenas uma peça do enigmatico quebra cabeça da prevenção de eventos cardiovasculares e se você começa muito tarde, quando já existem placas de ateroma (gordura) nas artérias, exercícios de alta intensidade podem inclusive ser prejudiciais, desencadeando eventos adversos.
Ontem um colega médico tentava me convencer que correr maratona é prejudicial à saúde. Discutimos vários trabalhos da literatura médica sobre o tema. A grande maioria estuda maratonistas antes e logo após a maratona, avaliando alterações eletrocardiográficas, ecocardiográficas e exames de sangue. Obviamente, todos mostram alteraçoes importantes nos diversos parâmetros, pois não esperaríamos que, após correr 42km, nosso organismo mantivesse exatamente os mesmos parâmetros do estado de repouso. As alterações são fisiológicas em resposta ao esforço desenvolvido e não acredito que sejam deletérias, pois treinamos durante vários meses para que o organismo reaja positivamente.

Outros, querendo desencorajar a prática da maratona, dizem que o primeiro maratonista, o grego Pheidippides, morreu após correr a maratona. Era diferente, pois o mesmo não estava treinado para correr tal distância. Não dá para comparar com os maratonistas atuais, profissionais ou não, que treinam sério para o dia da competição. O nosso organismo é extremamente adaptável e pode se adaptar para situação extrema de correr uma maratona. Não existem trabalhos a longo prazo que concluam que correr maratonas aumente (nem diminua) o risco cardiovascular, mas posso afirmar que os benefícios mentais e físicos dos treinos (e nunca treinamos os 42km em um só dia) certamente não são deletérios. Esperemos trabalhos a longo prazo e vamos treinando e correndo.

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