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sábado, 26 de janeiro de 2008

Desabafo

Escrevo sempre aqui sobre meus treinos e competições, mas hoje vou escrever sobre um assunto pouco diferente. Sou médico endocrinologista e a corrida é para mim uma válvula de escape. Lidando com seres humanos praticamente 24h por dia, termino internalizando muitos problemas de meus pacientes e me angustiando com problemas alheios. Problemas mais simples como briga de família, glicemias elevadas, temores da doença, etc, esses eu tiro de lentra e e já estou vacinado para não me preocupar e na maioria das vezes tranquilizo os pacientes, situando o problema apenas se ele realmente existe. Porém, lidar com o "quase morte" ainda é difícil. Por coincidência, nos últimos 15dias, me deparei com tal situação duas vezes. A primeira foi quando retornei de férias e estava no avião vindo de São Paulo para Natal e acordei com os gritos de uma esposa que tinha o marido em parada cardíaca. Reflexamente, pulei e fui em direção do mesmo e após soco precordial e massagem, o mesmo retornou. O piloto parou em Salvador para que o passageiro descesse e recebesse os devidos cuidados médicos. Ontem, recebi a notícia de um paciente meu que teve uma parada cardíaca e estava na UTI. Após visitá-lo, percebi a extrema gravidade e, desta vez, senti mais pois o paciente é meu amigo de infância. Estava pensando até em não correr ontem, mas como disse anteriormente, a corrida é minha válvula de escape e, depois daquele episódio, precisava relaxar um pouco. Não só fui correr, com decidi fazer os 10km abaixo de 50minutos, pois precisava de mais endorfina. Cheguei em casa mais tranqüilo e aproveitei a corrida para conversar com o "médico superior" para, como sempre peço, me fazer instrumento Dele para o bem estar de outras pessoas. Hoje, a angústia está de volta e já sinto que preciso treinar novamente. Porém, ontem corri forte e hoje é dia de folga e preparação para o longão de amanha. Enfim, que Deus me ajude com meus pacientes e que me mantenha correndo!

3 comentários:

  1. Caro Josivan,

    Fiquei refletindo sobre o seu testemunho. Embora em áreas bem distintas, identifico-me bastante com o relato. O fato é que, também pra mim, a corrida é uma válvula de escape, para não dizer válvula de salvação. Para isso, permita-me que retroaja aos meus dias antes de descobrir a corrida. Saí direto da faculdade de Direito (minha saudosa UFPB) para o dia-a-dia de um cargo de Promotor de Justiça no interior do Ceará, após concurso público. Foram cinco anos que, como costumo dizer, fizeram-me amadurecer uns 15 anos. Lidando com tráfico de drogas, de armas, homicídios bárbaros (inimaginavelmente bárbaros), latrocínios e cerca de dois anos sob escolta policial, depois de uma grave ameaça de morte. À época, tinha 26 anos, não sedentário (sempre fiz outros esportes, como tênis, futebol, musculação etc), peso ideal para minha altura, sem histórico familiar e....pressão arterial 17 por 10. Confesso que estava satisfeito, mesmo assim. Mas um antigo sonho me fez perseguir o concurso para a magistratura federal, tendo ingressado neste há cerca de dois anos. A estrutura da Justiça Federal, verdadeiramente, é outra: 30 servidores, instalações impecáveis, fora o fato de estar de volta à minha terra amada (João Pessoa)...Achei, pois, que o quadro de saúde reverter-se-ia...Ledo engano...Apesar de outras benesses, a exigência profissional, para um juiz federal , é infinitamente maior, diante repercussão nacional das decisões.Basta dizer que em maio do ano passado estava tomando 03 captropil por dia e a pressão ainda ficava entre 14 por 09, 13 por 09...O médico havia recomendado, ainda, caminhadas diárias...Sempre detestei caminhar, assim como nunca gostei de correr, apesar de considerar-me um amante dos esportes...Mas, ante a recomendação médica, entre caminhar (monotonia) e correr (vislumbrava um pouco mais de dinamismo), passei a correr na esteira. Em poucas semanas, já estava inscrito na meia maratona de João Pessoa (junho de 2007), na modaliodade dos 10 Km...De lá pra cá, a corrida faz parte de minha vida. É necessidade diária. Está nos meus planos de viagem e de rotina. O exercício da profissão ganhou mais disposição, melhorei o humor, sensação de bem estar (endorfina), melhora também física e, o mais importante, pressão arterial regularizada e sem a ajuda de remédios. Em abril, como você já sabe, estarei também em terras do Velho Mundo, para correr a Meia Maratona de Praga (a idéia de correr esta prova foi extraída exclusivamente aqui do blog) e a Maratona de Paris. Pelo que acompanho em seu blog, meus tempos não se comparam ao seu. Espero terminar a maratona, por exemplo, em 04 hs e 45 min. Mas, a gente chega lá companheiro.
    Grande abraço.

    Bruno Teixeira (João Pessoa)

    P.S. O relato do avião foi fantástico. Por isso, sem desprezo às outras profissões, sempre entendi a medicina como a mais importante delas, já que lida com a vida (ou a morte) das pessoas. Deve ter sido emocionante...Deus o abençoe...

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  2. Caro Rodrigo, obrigado pela força!
    Caro Bruno, seu relato é bastante interessante e ratifica o que sempre falo para meus pacientes: exercício é e deve ser considerado como remédio. Não são poucos os relatos (inclusive eu) de melhorias significativas na saúde após iniciar exercícios. Espero que nossas provas (Praga e Paris) venham coroar mais ainda esse hábito saudável que adquirimos.
    Boa corrida!

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