Quantas maratonas precisa para se tornar experiente?

Domingo, 6:30 da manhã, Avenida 9 de Julho, Buenos Aires. Aproveitara o feriadão e tomara um voo para a capital portenha para mais uma diversão de 42,1km. Mais cedo, tinha olhado pela janela do hotel e vira tantos táxis que tomar um aparentemente não seria problema. Mas quando desci, notei que todos os táxis passavam com passageiros, corredores indo para a largada ou pessoas comuns que nem sabiam sobre a maratona. Eu já correra aquela maratona outro ano, mas agora o percurso era outro e só a chegada era a mesma. A caça por um táxi continuava e faltando 45minutos para a largada, resolvi voltar ao hotel e pedir que chamassem um táxi para mim. Ouvindo que demoraria cerca de 30minutos,voltei para a rua. Como alguém lá de cima gosta de mim (e aqui em baixo também), um argentino parou no semáforo e perguntou se estava indo para a "carrera", afirmei que sim e lá fui eu da forma mais improvável para a largada: de carona com um argentino. Julio, o argentino, corria triatlon e não iria correr naquele dia, apenas acompanhar Mario, seu amigo. Chegamos na largada faltando uns 15 minutos e corri para deixar minha bolsa no guarda volumes. Entreguei com uma sensação de algo estava faltando, mas segui para tentar resolver outro problema: eu tinha apenas o numeral e não tinha os broches para colocar na camisa. Achei os colegas e cada um me deu um broche, ficando apenas com três para a corrida. Tudo resolvido, fotos tiradas, agora era ir para a largada e começar a brincadeira. Hino, tiro, vamos!! Ao final do primeiro km lembrei que não ingerirá o primeiro gel como usualmente faço antes do início da maratona. NNNNNNNNNÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!!!!!!! MEUS GELS!!!!!????? Para meu desespero, deixe-os na bolsa la no guarda volume. Se aquilo não fosse comprometer fisicamente minha performance, certamente já comprometera emocionalmente. Geralmente uso um gel no inicio da maratona e um a cada 40-45minutos. Isso me ajuda muito e não preciso me preocupar com a distribuição do isotônico durante a prova, apenas pego água (800-1000ml por hora). Pensei em estratégias: quem poderia me arranjar algum gel? Mas não era qualquer gel, tinha que ser o Powerbar Gel que eu usara durante os longos, pois não se deve tentar nada de novo durante uma prova. Sem chance de ver meus gels antes de cruzar a linha de chegada, relaxei e passei a prestar atenção onde teria os postos de Gatorade, tomando dose dobrada em cada posto. Lembrei-me dos escaladores que tentar subir o Everest sem oxigênio suplementar e decidi transformar o limão em limonada: "- Verei qual é meu desempenho sem carbohidrato suplementar; usarei apenas o glicogênio que já está armazenado nos meus músculos e fígado". Segui. Passei a marca da meia maratona com 1:43min, o que, se o glicogênio não acabasse logo, daria para correr abaixo de 3:30h (nada mal, considerando que era a segunda maratona nos últimos 15dias). O ritmo continuava em uma média de 4:52min/km, mas no km 33 apertou a fome braba!!!! Esta foi minha 14a maratona e foi a 2a que senti fome durante a maratona (a outra foi a de NY). Procurei o que comer. O ritmo já aumentara para 5min/km e estava difícil segurar assim. Lembrei que o colega da MPR estaria no km 35 e poderia me arranjar um gel para eu terminar a prova em um ritmo não vergonhoso. No km 37, o ritmo já era horrível (6min/km) e guardei um pouco para os kms finais (5:15min/km no último km) para chegar com os músculos sem glicogênio e a cabeça erguida. Conclui com 3:36h. Nada mal para a segunda prova da quinzena e sem gel.
Quantas maratonas preciso para me considerar experiente???? A impressão, e o bom, é que nunca seremos totalmente experiente. Cada maratona nos ensina algo. A falta de foco e concentração comprometeu minha prova. Prestei mais atenção no táxi, no guarda volumes e nos broches e esqueci de um detalhe essencial. Vamos aprendendo.
A maratona: o percurso é muito bom (plano), tem água e isotônico a vontade, o clima é ótimo, mas a medalha!!!! Se fosse 5km, seria suficiente, mas para 42km!!!! Tem que melhorar.